Jean-Jacques Rousseau nasceu em
Genebra, Suíça, em 1712. Sua mãe morreu no parto. Viveu primeiro com o pai,
depois com parentes da mãe e aos 16 anos partiu para uma vida de aventureiro.
Foi acolhido por uma baronesa benfeitora na província francesa de Savoy, de
quem se tornou amante. Converteu-se à religião dela, o catolicismo (era
calvinista). Até os 30 anos, alternou atividades que foram de pequenos furtos à
tutoria de crianças ricas. Ao chegar a Paris, ficou amigo dos filósofos iluministas
e iniciou uma breve mas bem-sucedida carreira de compositor. Em 1745, conheceu
a lavadeira Thérèse Levasseur, com quem teria cinco filhos, todos entregues a
adoção - os remorsos decorrentes marcariam grande parte de sua obra. Em 1756,
já famoso por seus ensaios, Rousseau recolheu-se ao campo, até 1762. Foram os
anos em que produziu as obras mais célebres (Do Contrato Social, Emílio e o
romance A Nova Heloísa), que despertaram a ira de monarquistas e religiosos.
Viveu, a partir daí, fugindo de perseguições até que, nos últimos anos de vida,
recobrou a paz. Morreu em 1778 no interior da França. Durante a Revolução
Francesa, 11 anos depois, foi homenageado com o translado de seus ossos para o
Panteão de Paris.
Na história das idéias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (se liga
inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários -
liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame
profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o
regime monárquico francês, como Robespierre, o admiravam com devoção.
O princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida
até os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à
influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização
em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de
dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e
aquela causada por circunstâncias sociais. Entre essas causas, Rousseau inclui
desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas até a institucionalização da
propriedade privada como pilar do funcionamento econômico.
O primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, é natural; o segundo deve ser
combatido. A desigualdade nociva teria suprimido gradativamente a liberdade dos
indivíduos e em seu lugar restaram artifícios como o culto das aparências e as
regras de polidez.
Ao renunciar à liberdade, o homem, nas palavras de Rousseau, abre mão da própria
qualidade que o define como humano. Ele não está apenas impedido de agir, mas
privado do instrumento essencial para a realização do espírito. Para recobrar a
liberdade perdida nos descaminhos tomados pela sociedade, o filósofo preconiza
um mergulho interior por parte do indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso
não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega
sensorial à natureza.
Dependência das coisas
Rousseau via o jovem como um ser
integral, e não uma pessoa incompleta, e intuiu na infância várias fases de
desenvolvimento, sobretudo cognitivo. Foi, portanto, um precursor da pedagogia
de Maria Montessori (1870-1952) e John Dewey (1859-1952). "Rousseau
sistematizou toda uma nova concepção de educação, depois chamada de ‘escola
nova’ e que reúne vários pedagogos dos séculos 19 e 20", diz Maria
Constança.
Para Rousseau, a criança devia ser educada sobretudo em liberdade e viver cada
fase da infância na plenitude de seus sentidos - mesmo porque, segundo seu
entendimento, até os 12 anos o ser humano é praticamente só sentidos, emoções e
corpo físico, enquanto a razão ainda se forma. Liberdade não significa a
realização de seus impulsos e desejos, mas uma dependência das coisas (em
oposição à dependência da vontade dos adultos). "Vosso filho nada deve
obter porque pede, mas porque precisa, nem fazer nada por obediência, mas por
necessidade", escreveu o filósofo.
Um dos objetivos do livro era
criticar a educação elitista de seu tempo, que tinha nos padres jesuítas os
expoentes. Rousseau condenava em bloco os métodos de ensino utilizados até ali,
por se escorarem basicamente na repetição e memorização de conteúdos, e pregava
sua substituição pela experiência direta por parte dos alunos, a quem caberia
conduzir pelo próprio interesse o aprendizado. Mais do que instruir, no
entanto, a educação deveria, para Rousseau, se preocupar com a formação moral e
política.
Bom selvagem
Até aqui o pensamento de Rousseau
pode ser tomado como uma doutrina individualista ou uma denúncia da falência da
civilização, mas não é bem isso. O mito criado pelo filósofo em torno da figura
do bom selvagem - o ser humano em seu estado natural, não contaminado por
constrangimentos sociais - deve ser entendido como uma idealização teórica.
Além disso, a obra de Rousseau não pretende negar os ganhos da civilização, mas
sugerir caminhos para reconduzir a espécie humana à felicidade.
Não basta a via individual. Como a vida em sociedade é inevitável, a melhor
maneira de garantir o máximo possível de liberdade para cada um é a democracia,
concebida como um regime em que todos se submetem à lei, porque ela foi
elaborada de acordo com a vontade geral. Não foi por acaso que Rousseau
escolheu publicar simultaneamente, em 1762, suas duas obras principais, Do
Contrato Social - em que expõe sua concepção de ordem política - e Emílio -
minucioso tratado sobre educação, no qual prescreve o passo-a-passo da formação
de um jovem fictício, do nascimento aos 25 anos. "O objetivo de Rousseau é
tanto formar o homem como o cidadão", diz Maria Constança Peres Pissarra,
professora de filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
"A dimensão política é crucial em
seus princípios de educação."
Não há escola em Emílio, mas a descrição, em forma vaga de romance, dos primeiros
anos de vida de um personagem fictício, filho de um homem rico, entregue a um
preceptor para que obtenha uma educação ideal. O jovem Emílio é educado no
convívio com a natureza, resguardado ao máximo das coerções sociais. O objetivo
de Rousseau, revolucionário para seu tempo, é não só planejar uma educação com
vistas à formação futura, na idade adulta, mas também com a intenção de
propiciar felicidade à criança enquanto ela
ainda é criança.
Método natural e educação negativa
Rousseau dividiu a vida do jovem - e seu livro Emílio - em cinco fases:
lactância (até 2 anos), infância (de 2 a 12), adolescência (de 12 a 15),
mocidade (de 15 a 20) e início da idade adulta (de 20 a 25). Para a pedagogia,
interessam particularmente os três primeiros períodos, para os quais Rousseau
desenvolve sua idéia de educação como um processo subordinado à vida, isto é, à
evolução natural do discípulo, e por isso chamado de método natural. O objetivo
do mestre é interferir o menos possível no desenvolvimento próprio do jovem, em
especial até os 12 anos, quando, segundo Rousseau, ele ainda não pode contar
com a razão. O filósofo chamou o procedimento de educação negativa, que
consiste, em suas palavras, não em ensinar a virtude ou a verdade, mas em
preservar o coração do vício e o espírito do erro. Desse modo, quando adulto, o
ex-aluno saberá se defender sozinho de tais perigos.
Frases de
Jean-Jacques Rousseau:
"A instrução das crianças é um ofício em
que é necessário saber perder tempo, a fim de ganhá-lo"
"Que a criança corra, se divirta, caia cem
vezes por dia, tanto melhor, aprenderá mais cedo a se levantar"
Referências Bibliográficas
Disponível em : http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/rousseau-307428.shtml - Acesso em 25 de novembro de 2014;
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